
Muitos consideram a imprensa um "poder", ou, como alguns preferem, um "quarto poder". Independente do juízo de valor acerca da abordagem temos que compreender essa entidade como um dos maiores instrumentos de democracia no mundo contemporâneo.
Inúmeras têm sido as opiniões em torno dos trabalhos da imprensa ao abordar os assuntos do universo da segurança pública. No geral, quando as matérias censuram ou condenam a postura de integrantes da instituição policial militar, percebemos, quase sempre, a repulsa em relação à veiculação das informações. Por outro lado, quando o editorial elogia a nossa atuação, geralmente reconhecemos a imprensa como grande aliada e benfeitora. Naturalmente essa não é apenas uma realidade da Polícia Militar da Bahia.
Contudo, entre crítica ou elogio, sou pela verdade dos fatos a serem apresentados à sociedade. Se a atuação do nosso servidor for comprovadamente indevida, por que haveremos de censurar o trabalho da imprensa? Por outro lado, se os fatos indicam a atuação positiva de nossa instituição, que seja a mídia um instrumento de reconhecimento e enaltecimento dos nossos trabalhos, para que possamos demonstrar as sólidas e verdadeiras intenções da nossa organização.
É notório que a imprensa séria é um indispensável instrumento de cidadania. No exercício do bom jornalismo, apresentando-se notícias de maneira criteriosa e bem apurada, sejam fatos positivos ou negativos, todos os cidadãos somente ganharão com o esclarecimento contido na matéria. Essa é a marca dos melhores e mais respeitados órgãos de comunicação social.
Entendemos, ainda sobre a violência, que a principal fonte de informação dos profissionais de imprensa são as testemunhas, os familiares das vítimas, as próprias vítimas e até mesmo os acusados, contudo, na grande maioria dos casos, a única fonte de informação é a própria autoridade policial. E nessa busca pela informação e sua conseqüente veiculação, temos notado que são poucas as matérias que optam por uma abordagem analítica e oferecem ao leitor um quadro mais aprofundado sobre a questão da segurança pública. A violência não tem sido tratada como um problema social de maior abrangência e reflexão, pois boa parte das notícias tem relatado apenas um fato isolado ocorrido. A mídia, grande formadora de opinião, tem um importante papel na sociedade e um imenso potencial nas ações de redução das formas de violência.
A Polícia Militar está buscando melhorar a atuação junto à comunidade, o que está sensibilizando, inclusive, a imprensa em torno das boas ações efetivadas. Mas se algum integrante da Corporação se desgarra dessa noção de bem servir à sociedade e sai, comprovadamente, da linha de retidão, não resta dúvida de que a imprensa irá noticiar as mazelas de quem quer que seja, porém é também certo que a boa imprensa irá propalar a verdade respeitando às regras do estado de direito.
Deixo, também, a reflexão de que a segurança de um território não se mede através de um fato único, mesmo que tenha ensejado grande comoção social. Entendo que as conclusões sobre a violência devem ser frutos de análises apuradas e críticas, seguindo métodos confiáveis, a fim de não se criar um quadro alarmante de insegurança por conta de ocorrências danosas específicas, as quais sempre ocorrem, é bom ressaltar, até mesmo em países considerados avançados.
Portanto, as autoridades da segurança pública, imprensa e comentadores da questão, principalmente os que já labutaram ativamente nesse universo como servidores públicos, têm que atentar para métodos mais consistentes e confiáveis, pois, com essa postura que entendo responsável, quem mais ganhará é o cidadão, que depende do compromisso de todas as instituições e pessoas envolvidas na problemática, afinal, como reza a Constituição da República: "A segurança pública, dever do estado, direito e responsabilidade de todos...".
Nilton Régis Mascarenhas - Cel PM
Comandante Geral