A mulher na Polícia Militar da Bahia

“Ninguém nasce mulher, torna-se mulher" - Simone de Beauvoir.

Em 1989, quando ingressaram as primeiras mulheres na Policia Militar da Bahia, posso dizer que foi um dos momentos mais marcantes para a nossa Instituição. É bom lembrar que ao longo da história, salvo raríssimas exceções, as corporações militares sempre recrutaram indivíduos do sexo masculino, fazendo com que as mulheres, tidas como sexo frágil, deixassem de mostrar os seus potenciais na defesa direta das suas sociedades.

Corrigidos os preconceitos históricos, a mulher tomou conta dos nossos quartéis mostrando que a função de defesa do povo se adequava naturalmente ao seu gênero. Interesso-me muito por essa inferência, pois, ao longo da minha jornada pública, sempre incentivei o completo envolvimento das mulheres em nossos trabalhos policiais militares.

Longe de achar que elas aqui vieram para ocupar postos administrativos e educacionais, sempre reservei esforços para integrar essas valorosas servidoras aos processos operacionais da nossa Instituição. Lembro-me, com clareza, que quando servia na Academia de Polícia Militar, nos idos de 1992, acompanhei com muito entusiasmo a chegada das primeiras alunas para freqüentarem o Curso de Formação de Oficiais, naquele corpo que até então era somente composto por homens.

Grande satisfação também tive quando comandei o Batalhão de Polícia de Choque, pois recebemos, por minha iniciativa, a primeira mulher que compôs aquele efetivo especializado, atitude que quebrou paradigmas e que muito contribuiu para que hoje tenhamos inúmeras representantes do sexo feminino lotadas em todas a unidades especializadas, não obstante a grande força que elas representam nas organizações convencionais. Ainda consto que a primeira mulher da PMBA a integrar a Força Nacional de Segurança Pública foi indicada por este Comandante-Geral, à época Comandante do Policiamento Especializado.

Compreendo que algumas das nossas representantes laboram com muita distinção e profissionalismo nos ofícios administrativos e educacionais da nossa Instituição, mas não me reservo para dizer que chamamos a mulher em nossa Corporação, para que labore na atividade direta de preservação da ordem pública. Respeito muito os outros afazeres, mas é nesse campo do policiamento ostensivo que as mulheres da PMBA estão mostrando o seu verdadeiro valor.

Portanto, para além da imagem de fragilidade, candura e delicadeza, tornou-se a mulher policial militar um símbolo de força e de determinação, provando ser ela capaz de enfrentar os mesmo desafios historicamente propostos aos homens. E ao comemorarmos o Dia Internacional da Mulher, dedicamos às nossas policias militares femininas os mais louváveis aplausos e agradecimentos, pois aquelas que receberam o mais sublime dom que é o de gerar outros seres, também se encarregam, com igual dignidade, dos desígnios de defendê-los, em todos os sentidos.

Muito obrigado!


Nilton Régis Mascarenhas
Comandante Geral